As versões live-action de animes muitas vezes decepcionam os fãs. No Japão, embora muitos animes sejam baseados em mangás, eles são frequentemente respeitados de forma igual ou até superior à sua literatura original.
No entanto, traduzir a narrativa exagerada, os temas surrealistas e a atmosfera visual dos animes para o formato live-action pode ser uma tarefa hercúlea. Isso pode ter causado apreensão entre os fãs de One Piece quando a Netflix anunciou sua adaptação live-action do popular anime, especialmente considerando fracassos anteriores como Death Note e Cowboy Bebop.
O trailer de One Piece aliviou alguns dos temores, mas ainda enfrenta o desafio de viver à altura do anime original. Tanto as produções americanas quanto as japonesas enfrentaram desafios semelhantes. Os exemplos incluem Ghost in the Shell, Dragonball Evolution, Death Note, Bleach e Attack on Titan. Todos esses animes populares tiveram suas versões live-action com críticas mistas e perda de popularidade por não conseguirem captar a singularidade do anime.
Attack on Titan, famoso por subverter clichês de anime shonen, se tornou um clássico moderno. No entanto, o filme japonês não conseguiu captar o enredo ou a adrenalina do anime, além de apresentar uma visão estereotipada dos Titãs.
Kite, uma história sombria e introspectiva que influenciou Quentin Tarantino em Kill Bill, não teve a mesma recepção em sua adaptação live-action sul-africana. Mesmo com a presença de Samuel L. Jackson, o filme foi criticado por sua violência excessiva e reviravolta previsível.
Inspirado em Bruce Lee e Mad Max, Fist of the North Star teve uma adaptação live-action que não conseguiu representar a seriedade do personagem Kenshiro, interpretado por Gary Daniels.
Apesar da narrativa envolvente e intensa do anime Gantz, sua versão live-action falhou em retratar a trama do mangá e os arcos dos personagens foram reduzidos. A versão em inglês foi criticada por sua dublagem descuidada.
A adaptação live-action de Terra Formars por Takashi Miike, apesar de promissora, resultou em uma adição exagerada à tradição do anime. O filme foi criticado por seus personagens parecidos com os Power Rangers e o ritmo irregular, sendo um fracasso comercial e crítico no Japão.
Conhecido por sua estética sofisticada e pelo clima de aventuras neo-noir, Cowboy Bebop é um anime que conquistou fãs através de sua trilha sonora marcante e americanizada, inserida na atmosfera do jazz. No entanto, quando a Netflix se aventurou em criar uma adaptação live-action, o resultado não conseguiu reproduzir o charme do anime original. Infelizmente, o novo Cowboy Bebop perdeu muito do conteúdo original, incluindo a estrutura de aventuras autônomas e a interação familiar entre a tripulação de caçadores de recompensas liderada por Spike Siegel.
Death Note, um anime que ganhou popularidade devido ao suspense criado pelo duelo de inteligência entre o anti-herói Light Yagami e seu inimigo, o excêntrico L, teve sua essência perdida na adaptação da Netflix. A versão live-action, apesar de contar com um elenco de talentos, incluindo Nat Wolff e os indicados ao Oscar, LaKeith Stanfield e Willem Dafoe, não conseguiu preservar a complexidade moral e a profundidade de enredo do anime original. As drásticas alterações no material de origem, especialmente envolvendo a personagem Mia, desapontaram os fãs.
O filme Ghost in the Shell é um marco na indústria cinematográfica, exercendo grande influência no gênero cyberpunk e inspirando sucessos cult como The Matrix. Contudo, sua adaptação para live-action realizada por Hollywood, apesar do alto orçamento, falhou em reproduzir o estilo inovador do original. Antes mesmo de seu lançamento, a escolha de Scarlett Johansson para o papel do supersoldado ciborgue Major gerou controvérsia e acusações de embranquecimento de personagens. Posteriormente, o filme foi criticado por priorizar a ação em detrimento do desenvolvimento de personagens e da reflexão temática sobre a tecnologia.
Originado de um mangá, Devilman foi retratado em várias adaptações de anime, inclusive a aclamada série Netflix de 2018, Devilman Crybaby. No entanto, a versão live-action de 2004 é lembrada pelos fãs como um notório fracasso. Recebido de forma negativa no Japão, o filme foi criticado pelos efeitos visuais pobres e pelo uso abrupto de CGI nas cenas de luta. A escolha do elenco, que incluiu artistas não atores como Izaki Hisato e Ai Tominaga, também provocou controvérsia.
Estabelecendo um novo patamar para as piores adaptações de animes, Dragonball Evolution falhou ao tentar trazer para as telas os personagens icônicos da série. A obra foi criticada por suas mudanças drásticas na mitologia original, como a origem das Esferas do Dragão e a retratação de Piccolo, que no anime apresenta uma moralidade ambígua, como um mero vilão. O filme, marcado por efeitos visuais ruins e cenas de ação risíveis, foi tão mal recebido que até o criador do mangá original, Akira Toriyama, desconsiderou a obra, afirmando que “não pode chamar aquilo de Dragon Ball”.
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