Enquanto a franquia Dragon Ball prossegue com seu legado através de Dragon Ball Super, lançando mangás e filmes continuamente, Dragon Ball GT ainda detém um lugar no coração dos fãs como o sucessor legítimo de Dragon Ball Z antes da chegada do Super. GT trouxe mudanças audaciosas e, por isso, tem sido objeto de debates e críticas ao longo dos anos.
A jornada de Goku sempre foi intimamente ligada às Dragon Balls. Embora o Super tenha introduzido variações como as Super Dragon Balls e Dragon Balls do Planet Cereal, GT abordou o tema de forma única. Ele nos apresentou as Black Star Dragon Balls, esferas que estão espalhadas pela galáxia e que podem causar a destruição da Terra se não forem coletadas em um ano. Além disso, os Shadow Dragons de GT trouxeram consequências tangíveis para os desejos feitos pelos personagens, abordando um aspecto muitas vezes negligenciado em Super.
O “GT” em Dragon Ball GT significa “Grand Tour,” aludindo à jornada galáctica que Goku, Pan e Trunks embarcam. O enredo faz uma homenagem à fase original de Dragon Ball, onde a aventura predominava sobre a ação. Embora essas incursões exploratórias tenham sido alvo de críticas quando GT foi lançado, hoje são vistas como uma lufada de ar fresco, especialmente quando comparadas ao foco em ação e torneios de Super.
Dragon Ball tem uma relação complexa com os Saiyajins, que se tornaram os ícones da série. Enquanto Super continua a adicionar novas transformações, muitas vezes de forma excessivamente técnica, GT retorna às origens da raça Saiyajin. A forma Super Saiyan 4 serve como um elo fascinante entre a transformação Super Saiyan e a forma de Grande Macaco, criando uma sinergia que respeita o lore original.
Embora Super introduza um multiverso com lutadores de todos os tipos, é GT que realmente expande a imaginação com um universo de infinitas possibilidades. Personagens como Goku, Trunks e Pan exploram planetas que são genuinamente alienígenas, desde mundos habitados por abelhas gigantes até planetas dominados por dinossauros. A riqueza desses cenários torna o universo de Dragon Ball mais tangível e interessante.
Dragon Ball possui uma mitologia rica, mas nem sempre bem explorada. Enquanto Super ressuscita personagens conhecidos como Freeza e Cell, muitas vezes de forma forçada, GT utiliza uma abordagem mais orgânica. Vilões como Baby remetem ao conflito ancestral entre Tuffles e Saiyajins, Super 17 explora o legado dos androides maléficos do Dr. Gero, e os Shadow Dragons são uma consequência direta dos desejos feitos ao longo da série. Esta abordagem faz de GT uma série que não apenas respeita, mas também enriquece a história da franquia.
Concluir uma série nunca é tarefa fácil, especialmente quando estamos falando de um fenômeno como Dragon Ball. Em comparação com o final apressado de Dragon Ball Super, Dragon Ball GT opta por um final muito mais emocional. Goku não apenas deixa a Terra, mas se funde com Shenron, o dragão eterno que nasceu das Esferas do Dragão. Isso sugere que o mundo talvez não precise mais das Esferas e deve aprender a andar com as próprias pernas. Tal abordagem poderia ser uma fonte de inspiração para o mangá de Dragon Ball Super quando se aproximar de sua conclusão.
Goku e Vegeta têm uma das relações mais complexas e emocionais da série Dragon Ball. Embora Dragon Ball Super tenha se esforçado para jogar um contra o outro de formas inventivas, como no mini-arco Copy-Vegeta, nada se compara à dinâmica apresentada em GT. Quando Vegeta é possuído por Baby, a batalha entre ele e Goku parece mais autêntica do que nunca. Ao final de GT, Goku deixa a Terra sob os cuidados de Vegeta, um gesto que reflete a evolução e confiança mútua entre os dois rivais.
A importância da música em uma série não pode ser subestimada, e Dragon Ball GT é um exemplo brilhante disso. Akihito Tokunaga consegue compor uma trilha sonora que é reminiscente do Dragon Ball original, mas que também faz jus a Dragon Ball Z. Embora Dragon Ball Super também tenha uma trilha sonora impressionante, ela acaba sendo mais uma continuação da atmosfera musical de Dragon Ball Z, enquanto GT consegue capturar a essência da franquia como um todo.
Dragon Ball pode ser amplamente conhecido por suas batalhas épicas, mas é essencial lembrar que a série original era centrada no humor. GT faz um excelente trabalho em recuperar essa veia cômica, principalmente com a transformação de Goku em criança. Embora Dragon Ball Super também contenha elementos humorísticos, eles não são tão centrais para a trama quanto em GT.
Dragon Ball é famoso por seus arcos de história emocionantes, mas a forma como essas histórias são contadas é crucial. Dragon Ball Super enfrenta problemas nesse aspecto, principalmente porque os dois primeiros arcos são versões alongadas de filmes e o Torneio de Poder consome uma grande parte da série. Por outro lado, Dragon Ball GT consegue ser eficiente e conciso, cobrindo uma quantidade significativa de conteúdo em seus 64 episódios. Essa eficácia na narrativa acaba sendo um dos seus pontos mais fortes.
Em suma, Dragon Ball GT pode não ser perfeito, mas trouxe elementos únicos e reflexivos que merecem ser valorizados. Ele faz jus à franquia de maneiras que são frequentemente ignoradas, mas que, na realidade, têm um impacto significativo sobre como vemos e entendemos o mundo de Dragon Ball.
O anime Dragon Ball pode ser conferido na Crunchyroll.
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